Há filmes que pagam um preço por defender uma causa. É exatamente esse o caso de “O Escândalo”, obra dirigida por Jay Roach que enfoca o caso verídico de mulheres jornalistas que acusam de assédio Roger Ailes, CEO da Fox News, poderoso conglomerado de ...
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Há filmes que pagam um preço por defender uma causa. É exatamente esse o caso de “O Escândalo”, obra dirigida por Jay Roach que enfoca o caso verídico de mulheres jornalistas que acusam de assédio Roger Ailes, CEO da Fox News, poderoso conglomerado de comunicação norte-americano conhecido pela sua postura conservadora.
Duas das personagens, Gretchen Carlson (Nicole Kidman) e Megyn Kelly (Charlize Theron) são reais. Existe uma terceira, Kayla Pospisil, em carismática interpretação de Margot Robbie, inventada, mas que soma diversos aspectos do universo da ingenuidade e da sedução, como ser jovem, religiosa, ambiciosa, lésbica e vítima de abuso pelo magnata.
O processo contra Ailes, ocorrido em 2016, é tratado, talvez, de maneira maniqueísta, mas é, claro, impossível não se revoltar com a maneira como as mulheres, principalmente as mais belas dentro do padrão americano, não passam de objetos sexuais para boa parte do mundo da mídia, principalmente da televisão.
A obsessão do todo-poderoso por rostos e pernas inclui favores sexuais, como é triste constatar. Porém, talvez o filme perca um pouco de sua força justamente por focar apenas a questão por esse aspecto, fundamental é claro, mas que poderia ser melhor associado a outros fatores desrespeitosos do cotidiano que envolvem as mulheres no mercado de trabalho.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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